Lembro de quando meus pés caminhavam tranquilos pelas areias da praia. Éramos só eu e o mar! Nada mais existia que atrapalhasse essa relação de admiração e beleza. Todas as manhãs, ia me encontrar com suas águas. As ondas me encontravam e, como num ritual de amor, me envolviam por completo. A felicidade nos acompanhava a cada novo encontro. Meus olhos miravam a sua transparência, buscando o que havia de mais escondido nas profundezas de suas cores...Comecei a me perturbar um pouco. Não conseguia descobrir o que existia dentro dele. Era escuro demais! Era frio demais! Tentava mergulhar para conhecê-lo melhor e me faltava ar. Submergi algumas vezes! Mas, nada encontrei! Em meio a esse descompasso, ficava mais horas diante dele e me perguntava até quando ele se silenciaria. Eu só ouvia ruídos. Às vezes, ele vinha até mim. Mas, tímido. Quase não me via mais. Foi quando vi algo que meus olhos não esquecem: A luz do dia começou a desaparecer. Aos poucos, ela começou a tomar o seu lugar. Bastaram apenas alguns minutos para que eu a olhasse por completo. Lá no céu. No meio do céu! A lua brilhava, refletindo sua luz nas águas noturnas. Era linda a cena! Sinto sua voz, ao longe, chamando meu nome. Corri ao seu encontro. Mas, o mar (ah, o mar), não me deixou passar! Prendeu-me em seus braços e deu-me o mais doloroso castigo. Hoje, todas as noites, aguardo a chegada da lua...sem tocá-la! Sem abraçá-la! Sem sentir o seu perfume...Fico só a vê-la, no céu...e, de algum modo, posso sentir que o mar tornou-se salgado. Talvez porque o seu doce foi-se com o meu amor. Talvez porque as minhas lágrimas misturaram-se às suas águas.
Midi Mafra
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