08 janeiro 2011

Ferreira Gullar

É bom fazer poesia: ninguém te obriga!


Estou lendo o livro Toda Poesia, de Ferreira Gullar. Grande poeta brasileiro que, mesmo exilado em Buenos Aires, escreveu em versos e inversos sentimentos vários de amor ao Brasil e ao ofício de poeta.
Segue um pouco dos seus escritos:


"Pretendo que a poesia tenha a virtude de, em meio ao sofrimento e o desamparo, acender uma luz qualquer, uma luz que não nos é dada, não desce dos céus, mas que nasce das mãos e do espírito dos homens."


Falar

A poesia é, de fato, o fruto
de um silêncio que sou eu, sois vós,
por isso tenho que baixar a voz
porque, se falo alto, não me escuto.

A poesia é, na verdade, uma
fala ao revés da fala,
como um silêncio que o poeta exuma
do pó, a voz que jaz embaixo
do falar e no falar se cala.
Por isso o poeta tem que falar baixo
baixo quase sem fala em suma
mesmo que não se ouça coisa alguma.

Para presenteá-los, segue também uma entrevista realizada com Ferreira Gullar, na qual o mesmo recita um de seus poemas:



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